SOU JORNALISTA PROFISSIONAL ME FORMEI EM 2006.2 NO MÊS DE DEZEMBRO PELA FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA (FGF)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

URANO BACELLAR: “A MORTE DE UM GENERAL”


Exército Brasileiro : Logomarca de Divulgação
"Não-autorizada"

Por : Pettersen Filho

Envolto em uma cortina espessa de mistérios, recoberto pela bandeira verde-amarelo do pavilhão nacional e pela flâmula claro-azulada da ONU - Organização das Nações Unidas, desembarcou em Brasília, vindo de Porto Príncipe, o corpo do General Urano Bacellar, comandante das tropas de paz que ora intervêm no Haiti, em nome da ordenança e boa convivência naquele país.

Intervenção, entretanto, nunca completamente digerida pela comunidade internacional, em que o presidente renunciante até hoje reclama haver sofrido um articulado golpe de estado pelos americanos e franceses, estes últimos tendo sido os colonizadores imperialistas da polêmica ilha, enquanto lhes era conveniente, palco do maior quilombo negro do mundo, um dos primeiros paises da América a se libertar do jugo colonial, há séculos atrás, em meio a uma revolta escrava, até hoje, de certa maneira, em curso na ilha, assolada pela pobreza e pela desigualdade.

Neste quadro adverso, coube ao Brasil liderar com cerca de 1200 homens do exército brasileiro as tropas de intervenção, composta também de outros paises periféricos, ávidos em demonstrar projeção, e o inconfesso desejo de ingressar no restrito Conselho de Segurança da ONU, com assento permanente, a qualquer meio ou custo.

Mal equipado com suas falanges, e não enxergando uma solução puramente militar para o conflito interno do país, cujas causas da rebelião vão desde o desemprego até a perversa fome que lastreia seu povo, o Bravo General, ora cortejado e na eminência de receber as honras de funeral de Herói de Estado, vinha evidenciando sinais de desagrado e estresse, diante de tantas intempéries da ingrata missão que lhe foi confiada.

Parece-nos, no entanto, que o tiro que aparentemente adentrou-lhe o orifício da boca, extravasando o crânio, já preliminarmente detectado pelo IML de Brasília como provável suicídio, atingiu muito mais a colágeno cerebral do nosso Glorioso Exército, abatido pela letargia de anos e anos de prospera paz, e estampou o patente insucesso da missão, do que, propriamente, atingiu o infeliz General.

Contudo, aos que marcham míopes por sobre o campo minado do patriotismo mundo afora, permanece desde os remotos tempos de Roma a duvida histórica: Se é o verdadeiro patriota o soldado que mata pela Pátria, ou se é herói o que morre por ela.

Quanto ao pobre General em questão, em que pese à enlutada família diante da dor incomensurável de haver perdido um ente querido, com a qual nos solidarizamos, incontinentes, a quem a Pátria confiou uma árdua e inglória missão, sem os meios e a base moral para tanto, parece-nos que ele, mesmo na derrota, logrou-se vencedor, e, com um só tiro fez ambas as coisas: Matou e morreu pelo Brasil.

Fazendo-nos, enfim, refletir embainhados em sangue inocente sobre nossos erros e acertos. É, afinal, mais um Herói para figurar no Panteão dos Heróis da Pátria.

Vivas, então, ao novo Herói brasileiro: Urano Bacellar, sem o querer, a mais profunda consciência da nossa Pátria. Vivas!

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Quem sou eu

Fortaleza, Ceará, Brazil
Sou militar, Gestor de Empresas, Bacharel em segurança Pública, Acadêmico da Alomerce e jornalista